sexta-feira, 17 de julho de 2009

O Programa do Curso

ANTROPOLOGIA PARA HISTORIADORES I: CULTURA

Prof. Marcos Alvito – 2009 - I

Ementa: Sem maiores pretensões, este curso visa servir de introdução a algumas noções teóricas fundamentais desenvolvidas no campo da Antropologia e cada vez mais utilizadas pelos historiadores. A parte final do curso será dedicada ao possível emprego dos conceitos debatidos nos trabalhos de pesquisa em desenvolvimento pelos alunos.

UNIDADES:

UNIDADE I: Lévi-Strauss e o conceito linguístico de cultura

UNIDADE II: Clifford Geertz e o conceito semiótico de cultura

UNIDADE III: Marshall Sahlins e a cultura em mudança

UNIDADE IV: A etnografia de Pierre Bourdieu: a cultura na prática


Aula 1 (25/03): Apresentação do curso. Breve síntese da evolução histórica do conceito de cultura. A polêmica em torno do conceito de cultura.

Aula 2 (01/04): Lévi-Strauss I – Leituras:
- “Jean-Jacques Rousseau, fundador das ciências do homem” In: LÉVI-STRAUSS, 1976:41-56.
- “Linguagem e sociedade” In: LÉVI-STRAUSS, 1985:71-83.
- “Introdução: a obra de Marcel Mauss” In: MAUSS,Marcel. Ensaio sobre a dádiva. Lisboa: Edições 70,1988. pp. 9-48.

Aula 3 (08/04): Lévi-Strauss II – Leituras:
- (1985b). Mito e significado. Lisboa: Edições 70.
- (1989). O pensamento selvagem. Campinas: Papirus. Capítulo 1: A ciência do concreto. pp. 15-49.

Aula 4 (15/04): Lévi-Strauss III (Explicações e críticas) – Leituras:
- GOLDMAN,Marcio. “Lévi-Strauss, a Ciência e as outras coisas” In: QUEIROZ,R.C. e NOBRE,R.F.,2008:41-78.
- “The Cerebral Savage: on the work of Claude Lévi-Strauss” In: GEERTZ,1973:345-359.

Aula 5 (22/04): GEERTZ I – Leituras:
- “Thick description: toward an interpretive theory of culture” In: GEERTZ,1973: 3-30.
- “O senso comum como um sistema cultural” In: GEERTZ,1999:111-141.

Aula 6 (29/04): GEERTZ II – Leituras:
- “Religion as a cultural system” In: GEERTZ,1973:87-125.
- “Deep Play: notes on the Balinese Cockfight” In: GEERTZ,1973: 412-453.

Aula 7 (06/05): GEERTZ III (Explicações e críticas) – Leituras:
- BIERSACK,Aletta. “Saber local, história local: Geertz e além” In: HUNT,1992:97-130.
- KUPER,2002, Capítulo 3 – Clifford Geertz: cultura como religião e como grande ópera. pp.:105-159

Aula 8 (13/05): SAHLINS I – Leituras:
- SAHLINS,1990, Introdução e capítulos 1 e 2.

Aula 9 (20/05): SAHLINS II – Leituras:
- SAHLINS,1990, Introdução e capítulos 3, 4 e 5.

Aula 10 (03/06): SAHLINS III (Explicações e críticas) – Leituras:
- BIERSACK,Aletta. “Saber local, história local: Geertz e além” In: HUNT,1992:97-130.
- KUPER,2002, Capítulo 5 – Marshall Sahlins: história como cultura. pp.:207-258.

Aula 11 (10/06): BOURDIEU I – Leituras:
- BOURDIEU,2002, Parte I – Três estudos de etnologia cabila. pp. 3-131.

Aula 12 (17/06): BOURDIEU II – Leituras:
- BOURDIEU,2002, Parte II – Esboço de uma teoria da prática, capítulos 1 a 4.

Aula 13 (24/06): BOURDIEU III – Leituras:
- BOURDIEU,2002, Parte II – Esboço de uma teoria da prática, capítulos 5 a 8.

Aula 14 (01/07): Debate em torno do conceito de cultura e de sua utilidade concreta para as pesquisas em desenvolvimento pelos alunos (Parte I)

Aula 15 (08/07): Debate em torno do conceito de cultura e de sua utilidade concreta para as pesquisas em desenvolvimento pelos alunos (Parte II)

Avaliação e trabalhos: a avaliação levará em conta sobretudo (mas não somente) os dois trabalhos escritos, a saber:

Trabalho 1: Uma resenha crítica de cinco páginas acerca de um dos quatro autores tratados, a ser entregue na última aula de debate daquele autor (p.ex. na 3ª. aula sobre Lévi-Strauss no dia 15/4 ou na 3ª. aula sobre Sahlins no dia 3 de junho).

Trabalho 2: Um trabalho final, de dez páginas, examinando criticamente as possibilidades de utilização dos conceitos abordados no curso em sua dissertação ou tese. Deverá ser entregue até uma semana após o final das aulas, no dia 15 de julho. Alternativamente, o aluno poderá substituir este trabalho final por MAIS duas resenhas críticas (ver acima) de 5 páginas, a serem entregues nos prazos pré-estabelecidos (ver acima).

BIBLIOGRAFIA:

ABU-LUGHOD,Lila.
(1991) “Writing against culture”. In: R.Fox (Ed.) Recapturing Anthropology: Working in the present ”. Santa Fe, NM: School of American Research Press. pp. 137-162

BARNARD, A. e SPENCER,J. (Orgs)
(2002). Encyclopedia of Social and Cultural Anthropology. London & New York: Routledge.

BATESON, G.
(1958) Naven: the culture of the Iatmul people of New Guinea as
revealed through a study of the 'naven' cerimonial. Stanford: Stanford
University Press.2.e.

BOURDIEU,Pierre
(2002) Esboço de uma teoria da prática, precedido de três estudos de etnologia cabila. Oeiras:Celta.

CALDEIRA,Teresa Pires do Rio
(1988) “A presença do autor e a pós-modernidade em antropologia”, Novos Estudos Cebrap,21: 133-157.
(1989) “Antropologia e poder: uma resenha de etnografias americanas recentes”, BIB,27:3-50.

CHARTIER,Roger
(1990) A História Cultural – entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

CLIFFORD,James e MARCUS,George E.
(1986) Writing culture: the poetics of ethnography. Berkeley,University of California Press.

CUCHE,Denys
(2002) A noção de cultura nas Ciências Sociais. Bauru: Edusc. 2.ed.

EAGLETON,Terry
(2005) A idéia de cultura. São Paulo:Editora Unesp.

EISENHART,Margaret
(2001) “Changing Conceptions of Culture and their Ethnographic Methodology: Recent Thematic Shifts and Their Implications for Research on Teaching”. In: Richardson,V. (Org.) Handbook of Research on Teaching. Washington: American Educational Research Association. 4.ed. pp. 209-225.

ELIAS,Norbert
(1990) O processo civilizador. Volume 1: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

FAUSTO,Carlos
(1988) “A Antropologia Xamanística de Michael Taussig e as Desventuras da Etnografia”, Anuário Antropológico, 86: 183-198.

GEERTZ,Clifford
(1973) The interpretation of cultures. New York:Basic Books. Importante: não utilizar a lamentável edição brasileira, cheia de erros trágicos de tradução.
(1980) Negara: the theatre state in nineteenth-century Bali.Princeton, Princeton University Press.
(1983) Local knowledge. Further essays in interpretative anthropology. New York, Basic Books.
(1988a) Works and lives: the anthropologist as an author. Stanford,Stanford University Press.
(1988b) “Anti anti-relativismo”, Revista Brasileira de Ciências Sociais, 8(3):5-19.
(1999). O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis: Vozes.2.ed.
(2001) Available light: anthropological reflections on philosophical topics. Princeton:Princeton University Press.

HUNT,Lynn (Org.)
(1992) A nova história cultural. São Paulo:Martins Fontes.

INGOLD,Tim (Org.)
(1996) Key debates in Anthropology. London:Routledge.

JAMESON,Fredric
(2003) Postmodernism, or, the cultural logic of Late Capitalism. Durham: Duke University Press. Edição brasileira: Pós-Modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo:Ática,1997.

KUPER,Adam
(2002) Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru: Edusc.

LARAIA,Roque
(1989) Cultura – um conceito antropológico. Rio de Janeiro:J.Zahar.

LEACH,Edmund R.
(1985a) "Natureza / Cultura" In: Anthropos - Homem, Vol. 5 da Enciclopédia Einaudi. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda. pp. 67-101.
(1985b) "Cultura / Culturas" In: Anthropos - Homem, Vol. 5 da Enciclopédia Einaudi. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda. pp. 102-135.

LÉVI-STRAUSS,Claude
(1974) “Introdução: a obra de Marcel Mauss” In: MAUSS,Marcel. Sociologia e Antropologia – volume II. São Paulo:EPU-EDUSP.
(1976) Antropologia estrutural dois. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro.
(1985) Antropologia estrutural. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro.2.ed.
(1985b). Mito e significado. Lisboa: Edições 70.
(1989). O pensamento selvagem. Campinas: Papirus.

MARCUS,George E. e FISCHER,M.J.
(1986) Anthropology as a cultural critique - an experimental momen in the human sciences. Chicago, The University of Chicago Press.

QUEIROZ,Ruben Caixeta de e NOBRE,Renarde Freire (Orgs.)
(2008) Lévi-Strauss: leituras brasileiras. Belo Horizonte: Editora UFMG.

ORTNER,Sherry B.
(1991) “Reading America: Preliminary notes on class and culture”. In: R.Fox (Ed.) Recapturing Anthropology: Working in the present”. Santa Fe, NM: School of American Research Press. pp.163-189.

SAHLINS,Marshall
(1976) Culture and practical reason. Chicago: University of Chicago Press. Edição brasileira: Cultura na prática. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ,2007.
(1990) Ilhas de História.Rio de Janeiro:Zahar.
(1997) "O "Pessimismo Sentimental" e a experiência etnográfica: por que a cultura não é um "objeto" em via de extinção (Parte I)." Mana 3(1): 41-73.
(1997b) "O "Pessimismo Sentimental" e a experiência etnográfica: por que a cultura não é um "objeto" em via de extinção (Parte II)." Mana 3(2): 103-150.
(2001) Como pensam os nativos. Sobre o Capitão Cook, por exemplo. São Paulo: Edusp.
(2004) Esperando Foucault, ainda. São Paulo: Cosac Naify.
(2006) História e Cultura: apologias a Tucídides. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
(2008) Metáforas históricas e realidades míticas: estrutura nos primórdios da história no reino das Ilhas Sandwich. Rio de Janeiro:Jorge Zahar.

TAMBIAH,Stanley J.
(1985) Culture, thought and social action – an anthropological perspective. Cambridge:Harvard University Press.

THOMPSON,Edward P.
(1998) Costumes em comum. São Paulo, Companhia das Letras.
(2001) As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. Campinas:Ed. Unicamp.

TYLOR,Edward B.
(1871) The origins of culture. New York, Harper Torchbooks.

VELHO, Gilberto e VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo B.
(1978) "O conceito de cultura e o estudo de sociedades complexas: uma perspectiva antropológica". Artefato, 1(1): 4-9.

WILLIAMS,Raymond
(1979) Marxismo e literatura. Rio de Janeiro:Zahar.
(2007) Palavras-chave: um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo.